Mitsubishi QuasarLontra vence Brasil Wild
Foi realizado nos dias 21 e 22 de agosto de 2005 a 3ª e última etapa do Circuito Brasil Wild de corridas de aventura. Trata-se do maior circuito de aventura com provas de média duração (24 horas) do Brasil.
A largada da prova aconteceu na praça central da cidade de Poços de Caldas, interior de Minas Gerais, localizada a 280Km de São Paulo. A cidade é um destino turístico, reconhecida por suas termas e pelas belas paisagens. Desta veza equipe contou com uma formação inédita. O capitão da equipe Rafael Campos pela primeira vez fez ficou na equipe de apoio, enquanto que os atletas Marina Verdini e Vinicius Cruz correram com Márcio Franco e o Paulo César Novaes. Confira o relato da atleta Marina Verdini da equipe campeã:
“A prova começou com 15 km de bike com muito sobe e desce até chegarmos no primeiro trecho de duck na represa, de 7Km aproximadamente.Logo na largada, eu não contive todo meu gás de querer voltar a competir(estava sem competir a 3 meses, e voltei de férias a 5 dias..), e disparei na frente da minha equipe(e do resto da prova.)., prejudicando a navegação do Vinícius. Foi aí que cometemos um erro, e passamos a entrada correta. Depois de muitos berros retornamos rapidamente ao caminho correto e começamos a recuperar posições.
Chegamos no duck em 8º lugar, e logo nos primeiros 2Km conseguimos assumir a liderança. O Marcinho e o Paulinho remaram muito forte, puxando o ritmo para mim e o Vinícius. Mantivemos um ritmo forte até o fim do trecho, conseguindo abrir uma pequena vantagem das demais equipes.
Rapidamente saímos para o trekking de 6 km, carregando os remos e coletes. Na ansiedade de começo de prova…mais um vacilo de navegação…O Marcinho estava correndo na frente, puxando o ritmo, e passou uma estrada que poderíamos ter pego pra fazer um corte e sair na estrada principal. O Vini bem que tentou avisar, mas ninguém deu ouvidos..depois de alguns minutos percebemos a volta que daríamos e resolvemos “varar” direto até a estrada ao invés de voltarmos pra estradinha que o Vinicius viu. Resultado: caímos em um charco enorme, onde era muito difícil de andar. Afundávamos até a cintura e o desgaste foi grande. Logo alcançamos o PC, vendo que as equipes já vinham bem perto. Fizemos uma rápida transição e seguimos pra outra bike de aproximadamente 23Km.essa bike era a mais esperada pois subiríamos o famoso “Pico do Gavião”, considerado o 4º melhor lugar para se saltar de asa delta do Brasil.Altura? 1.650metros…uma piramba bastante íngreme. Fizemos uma bike bem forte com uma navegação precisa, e chegando no topo do pico vimos que todo esforço tem uma recompensa: o visual era de ficar pasmo.Lembro-me de chegar lá em cima pedalando, olhar pros lados e pensar: “Obrigada Deus, por me dar saúde pra fazer isso;ver toda essa beleza e chegar até aqui com minhas pernas.”.Muito pilhados fizemos outra ótima transição e saímos correndo morro abaixo pro trekking que seria o mais desgastante da prova(pelo menos pra mim..). Foi neste trecho que nossa estratégia de navegação possibilitou que abríssemos vantagem das demais equipes que vinham atrás: começamos a andar pela crista, como estava previsto pelo mapa. Eram sobes e desces muito fortes, com um terreno extremamente irregular, cheio de pedras e buracos.Fora os arames farpados na altura da canela que mal víamos..Essa hora eu comecei a me sentir muito fraca e com cãibras horríveis no posterior da coxa.O Vinícius então analisou bem o mapa e viu que poderíamos optar por descer da montanha e fazer o trekking por uma estrada que seguia paralela, e daria no PC. Seria um pouco mais longo, mas nos desgastaríamos muito menos pois seria uma estrada de terra larga e praticamente plana.Não pensamos duas vezes e descemos tudo até a estrada. Conseguimos fazer quase tudo correndo, e chegamos no PC 5 na primeira colocação. Eu estava muito desgastada me concentrando muito para não desmaiar. O calor era demais, e lembro de ter tonturas e sensação de fraqueza muito grandes. Mas mesmo assim, com o ritmo um pouco mais leve fomos progredindo bem, e muito motivados e confiantes por termos feito uma opção inteligente e mantido a liderança. Outra vez optamos por seguir pela estrada, dando a volta no morro, ao invés de subirmos até as antenas, que pareciam estar no fim do mundo, e mais uma vez, fizemos uma ótima opção. Era bem mais longo mas não pegamos nada de subida e conseguimos abrir mais vantagem sobre as outras equipes.
Chegando nessa transição(PC 6), eu tomei muito água e isotônico, e molhei minha cabeça com água gelada, e ao sair pra bike já estava me sentindo “novinha em folha!”.Saímos pra essa bike, de aproximadamente 17Km e logo nos 2 primeiros kms o pneu do Paulinho furou.Eu aproveitei pra descansar mais um pouco enquanto os meninos trocavam o pneu, mas não tivemos muito êxito nessa troca, e por terem colocado uma câmara furada, ela demorou mais de 10minutos.Isso quase não acontece, visto que é super normal pneus furados em provas, as trocas são sempre super rápidas.Enfim, pneus cheios, saímos socando pra tentar recuperar o tempo perdido. Essa bike não foi das melhores mas mesmo assim mantivemos a liderança sabendo que a segunda equipe, estava a apenas 15min de nós. Com essa pressão, saímos em disparada pro trekking que seria feita a tirolesa e o rapel. Nessa hora, o Vinicius não estava muito bem, sentindo muita azia e não conseguia se alimentar direito, e nosso ritmo caiu um pouco. Era uma subida íngreme, e apesar da navegação perfeita perdemos muito tempo. Chegando lá em cima, eu que estava me sentindo bem fiz a tirolesa enquanto o Vini e Marcinho analisavam o terreno do alto pra se orientarem no mapa. O lugar era indescritível. A tirolesa era curtinha mas muito, muito bonita a visão que tínhamos. Rapidamente terminei, guardei a cadeirinha e saímos em disparada morro abaixo pra ir pro rapel. Nessa hora, ao chegarmos no vale, encontramos com a Atenah começando a subir o último morro pra tirolesa. Aí…”sangue nos zóio”..fizemos o caminho até o rapel praticamente correndo o tempo todo e sem nenhum erro de navegação. Aliás, tenho que ressaltar que a navegação da dupla Vini e Marcinho foi perfeita!Estão de parabéns! Chegando ao rapel, com a lindíssima visão do por do sol, fizemos o rapel rapidamente, e ao chegarmos na base dele, já era noite. A trilha pra descer da montanha era super difícil. Na verdade não existia trilha até um certo ponto.Tínhamos que ir andando junto à pedra que foi feito o rapel, até encontrarmos uma trilha.Fizemos isso, mas quando a pedra acabou…era um abismo, e só víamos as copas das árvores.O Vini foi na frente, abrindo caminho e tentando achar uma saída.
Conseguimos descer, sentados, nos agarrando em galhos e arbustos, até que finalmente surge a trilha. Inacreditável!! Saímos correndo por ela até chegar numa estradinha, e aí, correndo ainda mais descemos por ela até a estrada principal que dava no PC/AT. Mais uma rápida e eficiente transição, graças ao nosso competente e dedicado apoio(Flavinha, Rafa, Borja e Amanda), nos alimentamos muito bem e partimos pra longa pernada de bike(50Km). Fizemos essa bike inteira num ritmo bem puxado e constante.eram as subidas. Estava bem frio neste momento, por volta das 21:00hs, onde já haviam se passados mais de 12h de prova.
Por volta das 23h chegamos no PC/AT e partimos para o último trecho de remo. Eram 22km descendo o Rio Pardo. Foi uma remada gostosa, rápida, apesar de bem fria. Depois de 2h30min remando chegamos à última área de transição. Com muito frio, trocamos a roupa molhada e comemos um caldinho quente que esquentou a alma….Com as energias renovadas montamos nas bikes para os últimos 25Km de prova. Seria praticamente todo em asfalto, mas as subidas…eram insanas…talvez porque já era final de prova e as pernas já estavam arrasadas de tantas subidas.Estava bem frio também, e nas descidas a roupa molhada de suor nos congelava com o vento.sabíamos que seriam 8Km de subidas sem parar ,pra depois descermos 7Km rumo à chegada.Então, quando atingimos a cota de 1.580m, que era o momento que começaria a descer, festejamos muito, e descemos aqueles 7km como foguetes. Atingimos 66 km/h…Foi espetacular a adrenalina que estávamos essa hora. Depois de 19h35min de prova, avistamos o pórtico de chegada, e começamos a gritar e comemorar muito.
Fomos muito bem recebidos por todos que ali estavam. Eram 3:45hs da matina e estava um frio de doer, por isso, quero agradecer muito a todos que estavam lá para nos prestigiar, de coração. E agradecer muito a Deus por tudo que ele proporciona e a todas as pessoas envolvidas nesse evento.Foi mais uma vivência maravilhosa e única, como devem ser todos os momentos da vida.”